O período de colheita representa um dos momentos mais decisivos para o produtor rural, não apenas pelo escoamento da safra, mas também pela necessidade de honrar compromissos financeiros que, na maioria dos casos, vencem em 30 de março e 30 de abril. Diante desse cenário, muitos produtores enfrentam dificuldades para equilibrar as finanças e acabam recorrendo à renegociação de dívidas como alternativa para manter o negócio sustentável.
A renegociação de dívidas rurais é um processo que permite aos produtores rurais, que se encontram em dificuldades financeiras, honrar com as dívidas, buscando condições adequadas para tais pagamentos junto aos credores, porém, a renegociação sem o devido critério pode comprometer toda a saúde financeira da atividade rural, trazendo riscos para as próximas safras.
Lucas Cabral, Consultor financeiro da Agricompany explica que essa renegociação pode envolver alguns subsídios importantes como:
Adequação das parcelas ao fluxo de caixa – O parcelamento do saldo devedor permite distribuir melhor os compromissos financeiros ao longo do tempo.
Ajuste das taxas de juros – Em algumas situações, a renegociação pode garantir taxas mais vantajosas do que as da dívida original.
Adequação dos prazos de pagamento e o ciclo produtivo – Alinhar os vencimentos ao período de comercialização da safra evita novos atrasos e acúmulo de encargos.
Prevenção da execução de garantias – Impede a perda de bens essenciais à atividade, como terras, máquinas e equipamentos.
Mas, antes de buscar a renegociação, alguns fatores devem ser analisados com atenção para evitar decisões precipitadas e acordos desvantajosos.
“O primeiro passo é entender a real condição financeira do negócio, projetando a capacidade de pagamento a longo prazo, depois é preciso analisar as condições que cada instituição financeira fornecerá como taxas de juros aplicadas pois algumas podem ser ainda mais elevadas, prazos de pagamento uma vez que quanto maiores os prazos, maior o custo total da dívida e o parcelamento uma vez que algumas renegociações exigem entrada imediata e estabelecem compromissos futuros anuais”, comenta Cabral.
O consultor financeiro alerta que muitas instituições financeiras exigem garantias adicionais para aprovar a renegociação. Além disso, há um risco considerável quando o banco oferece operações de crédito rotativo ou cheque especial para a quitação de dívidas vencidas, já que esses produtos possuem taxas de juros que podem ultrapassar 80% ao ano. “Em muitos casos, essas operações estão disfarçadas dentro dos contratos de renegociação, podendo passar despercebidas devido à correria do dia a dia. Assim, antes de assinar qualquer acordo, é fundamental revisar cada cláusula detalhadamente, garantindo que as condições sejam realmente vantajosas”.
Gestão Estratégica Para um Futuro Sólido
Lucas Cabral salienta que antes de realizar a assinatura de qualquer novo contrato é preciso analisar todas as condições pois a renegociação de dívidas deve ser tratada como uma ferramenta de gestão e não como solução emergencial para problemas que vem acontecendo constantemente. “A tomada de decisão deve considerar não apenas o alívio imediato, mas também os impactos futuros na continuidade do negócio”.
Planejando de forma estratégica e estruturada, o produtor rural conseguirá superar os desafios e ainda evitar o comprometimento da atividade, garantindo que o negócio rural prospere. “No cenário atual, decisões fundamentadas em planejamento e conhecimento são essenciais para preservar a saúde financeira do negócio a longo prazo. Buscar um suporte especializado faz toda a diferença. Contar com o auxílio de profissionais experientes em renegociação de dívidas rurais ajuda a reduzir riscos, evitar armadilhas e garantir que a negociação seja conduzida da maneira mais vantajosa possível”, conclui.