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OS IMPACTOS DO ATRASO DO PLANTIO DA SOJA NA SEGUNDA SAFRA

A falta de chuvas nas principais regiões produtoras do país tem gerado preocupações e levantado dúvidas sobre os problemas que poderão ocorrer diante este cenário.
Tradicionalmente, o plantio da soja começa logo após o término do vazio sanitário, que se encerra em setembro. Mas, para que isso ocorra é preciso umidade no solo, sem isso, produtores rurais estão tendo que adiar o plantio do grão. Mato Grosso, maior produtor de soja do país, Goiás, Mato Grosso do Sul e partes do Tocantins tem enfrentado um cenário preocupante, que pode gerar impactos diretos na produção da soja nesta safra, bem como afetar diretamente a segunda safra.

Todo esse atraso no plantio da safra verão poderá gerar impactos econômicos e também de calendário, visto que, quanto mais tardiamente se plantar a soja, menor será o tempo para a semeadura do milho. O consultor de Gestão Financeira e Governança Randolfo Oliveira explica que as consequências desse atraso no plantio da soja poderão gerar duas situações para a safra de milho “atraso no plantio do milho, gerando assim uma janela desfavorável de clima, com grandes chances de uma produtividade menor e o não plantio da segunda safra (milho), caso o atraso no plantio da soja seja tão grande que o produtor decida por não fazê-lo”. De acordo com o consultor, essas duas situações poderão gerar grandes problemas financeiros, visto que só a safra de soja não tem sido suficiente para muitos produtores arcarem com os custos fixos, como mão-de-obra, arrendamento, juros, depreciação e outros.

Outro fator que pode gerar preocupação diz respeito a indústria de insumos agrícolas, que poderá sim sofrer com este atraso no plantio da soja, principalmente nos insumos do milho segunda safra, cuja safra poderá ficar comprometida. Já o setor de exportação não deverá sentir com este atraso, pois a projeção é que a safra de soja 24/25 obtenha um volume maior do que na safra 23/24. “A estimativa dos especialistas no assunto é termos uma safra de aproximadamente 169 milhões de toneladas de soja nesta atual safra, ou seja, 16 milhões de toneladas a mais que na safra anterior e como a exportação de milho é pouco expressiva em relação a soja, o impacto deverá ser insignificativo”, reforça Oliveira.

Tendo em vista todo esse processo que tem afetado os produtores rurais, e que mesmo com todo o avanço tecnológico o clima continua sendo um fator imprevisível e de grande impacto no sucesso da safra, cuidar da saúde financeira é primordial. “Neste caso, uma boa gestão financeira do negócio pode ser o diferencial para o produtor se manter de forma saudável na atividade”. O consultor reforça que o produtor precisa ter uma visibilidade clara da situação financeira da empresa rural, assim como um planejamento financeiro estratégico futuro, com cenários que variem do pessimista, conservador e otimista, de modo a não cair em tentações ou “achismos” e tomar ações por impulsos. Tudo precisa de uma análise financeira prévia, inclusive a adoção de novas tecnologias. “Em momentos que o planejado não sai conforme o previsto, adotar todas as técnicas e ferramentas modernas que se tem a disposição para minimizar o impacto de um clima desfavorável poderá resultar em compensações otimistas”, conclui.