Conteúdo

OS IMPACTOS DA GUERRA COMERCIAL ENTRE A CHINA E EUA

Não se fala em outra coisa nos últimos dias a não ser na guerra comercial entre China e EUA. A suspensão das importações de soja e madeira dos EUA pela China, anunciada na primeira semana do mês de março, aumentou ainda mais a tensão entre os dois países, que já estavam travando divergências comerciais.

 

De acordo com João Marco Leão, Especialista em Investimentos (CEA-ANBIMA) e Planejador Financeiro, CFP®️ – FPSB (Financial Planning Standards Board), a decisão da China em barrar algumas empresas americanas no setor agrícola e madeireiro é mais um capítulo da disputa comercial entre os dois países. “Os EUA tinham aumentado tarifas sobre produtos chineses, e agora a China está respondendo na mesma moeda. Isso pode piorar ainda mais a relação entre as duas economias e dificultar futuras negociações”, comenta.

 

A ação da suspensão por parte da China é que foram encontrados contaminantes, como fungos e produtos químicos na soja e pragas na madeira. Mas essa justificativa pode ser apenas parte do motivo. O mais provável é que essa suspensão seja uma retaliação às tarifas extras que os EUA impuseram sobre produtos chineses. O fato gera preocupação, principalmente entre os exportadores americanos. “A China é um dos maiores compradores de soja e madeira dos EUA, e perder esse mercado pode prejudicar muito os produtores americanos. Eles podem tentar vender para outros países, mas encontrar mercados que comprem em grandes quantidades não é tão simples, especialmente com a concorrência do Brasil e de outros países”, explica Leão. Vale ressaltar que a China já vem a algum tempo diversificando os fornecedores desses produtos. “No caso da soja, por exemplo, a China tem comprado cada vez mais do Brasil e de outros países da América do Sul. Com a madeira, pode buscar fornecedores alternativos na Europa, Rússia e até dentro do próprio país”.

 

Tendo em vista a problemática que o assunto tem gerado, a relação entre China e EUA deve continuar tensa pois cada um está impondo barreiras comerciais ao outro e isso pode afetar não só os setores agrícolas, mas também tecnologia, indústria e outros mercados. Enquanto isso, a China segue fortalecendo laços com outros parceiros comerciais para reduzir a dependência dos EUA, sendo assim, outros países poderão ser beneficiados, como o Brasil por exemplo. “Se a China comprar menos soja dos EUA, precisará manter relação com outros países e o Brasil é o maior exportador mundial do grão. O mesmo pode acontecer com a madeira. Isso pode gerar mais negócios e fortalecer ainda mais a parceria comercial entre Brasil e China”, reforça Leão.

 

Já com relação aos preços, se essa decisão se manter e a China parar de comprar soja e madeira dos EUA, pode sobrar mais desses produtos no mercado americano, derrubando os preços por lá. Já no Brasil e em outros países fornecedores, a demanda chinesa pode fazer os preços subirem.

 

“A relação entre os EUA e a China é há algum tempo uma das mais incertas do mundo. Enquanto os exportadores americanos vão sentir o impacto da perda desse mercado, países como o Brasil podem se beneficiar ao assumir um papel mais forte no fornecimento de soja e madeira para a China. Os agricultores brasileiros têm uma grande oportunidade de ampliar as exportações para a China, mas precisam adotar estratégias para se proteger das oscilações do mercado, como realizar estruturas de hedge (proteção) através de derivativos como os contratos futuros, diversificar compradores, controlar custos e investir em armazenagem são algumas das melhores formas de garantir segurança e estabilidade financeira em meio às incertezas do comércio global”.

 

Embora o assunto este nos holofotes neste momento, a guerra comercial entre China e EUA pode mudar rapidamente. “Acompanhar os preços da soja, os estoques globais e as negociações entre os dois países ajudará os agricultores a tomarem decisões mais estratégicas e anteciparem movimentos de mercado”, conclui.