Altos custos de produção, principalmente com insumos agrícolas e tecnologias; juros elevados, que encarecem o crédito e reduzem as margens; variações climáticas intensas, que afetam a produtividade e a previsibilidade; oscilações de mercado, como volatilidade cambial, preços das commodities e quebras de safra, que inviabilizam o retorno sobre o capital investido, são alguns fatores que têm levado o produtor rural ao endividamento nos últimos anos.
Alguns erros podem levar o produtor rural à dificuldade financeira, como a falta de um planejamento financeiro e estratégico, a ausência de controle do fluxo de caixa, o endividamento desalinhado à capacidade de pagamento e o excesso de confiança em ciclos positivos. Esses são os mais visíveis e podem custar caro ao produtor rural. Por esse motivo, usar estratégias para garantir o futuro do negócio rural é fundamental.
O advogado e consultor da Agricompany, Lucas Ferreira, explica que o endividamento atinge todas as faixas; o que muda são as diferentes formas em que ele impacta pequenos, médios e grandes produtores. “A diferença está na estrutura de apoio, capacidade de gestão e grau de alavancagem”, comenta.
O advogado reforça que o produtor rural que está em dificuldade financeira não deve adiar decisões nem ignorar a gravidade do problema. Ele alerta ainda que o produtor não deve aceitar propostas sem avaliação especializada, deve ter cuidado com a falta de documentação formal das tratativas, evitar misturar as contas pessoais e empresariais e não deixar de considerar alternativas legais ou institucionais. “Temos observado que, muitas vezes, o produtor rural não tem apoio estratégico antes da tomada de decisão. Por esse motivo, contar com apoio técnico e jurídico é um passo para evitar a perda patrimonial, reestruturar o controle operacional e financeiro e ganhar previsibilidade e segurança para retomar o crescimento”.
Profissionais como advogados e empresas especializadas possuem funções essenciais em situações como essas, pois a defesa jurídica atuará na proteção contra execuções e cobranças abusivas; a renegociação, por meio da intermediação, pode ajudar no planejamento financeiro e na reestruturação produtiva, reorganizando o passivo e o modelo de gestão.
A RENEGOCIAÇÃO
Um fato relevante em momentos de crise financeira é o ato de iniciar as tratativas de renegociação junto aos agentes financeiros. O produtor rural deve estar ciente de que é preciso ter acesso às informações completas da dívida: encargos, juros, garantias. Ele tem direito à renegociação conforme legislação específica, com possibilidade de discutir prazos, taxas, condições e revisão de cláusulas, além de contar com a representação por advogado ou consultor técnico.
O advogado salienta que é possível renegociar dívidas sozinho, embora não seja o mais recomendado. “A assimetria de informação entre produtores e bancos pode gerar acordos prejudiciais. A assessoria técnica e jurídica qualificada aumenta a segurança e as chances de um bom resultado”, reforça.
Os caminhos legais, políticos e de gestão para renegociar dívidas incluem a Recuperação Judicial Rural, em casos extremos; renegociação extrajudicial com bancos, cooperativas, revendas e parceiros; ações judiciais para revisão contratual; políticas públicas de refinanciamento e apoio setorial; e reestruturação do modelo de gestão, com foco em rentabilidade. “Renegociações bem conduzidas, com adimplemento regular, podem melhorar o perfil de risco do produtor, desde que seja demonstrada capacidade de recuperação e gestão sólida, recuperando, desse modo, a confiança do sistema financeiro e melhorando o risco de suas operações”.
COMO REDUZIR O RISCO DE ENDIVIDAMENTO NO FUTURO
- Elaborar e seguir um planejamento financeiro anual;
- Monitorar o “zero do caixa” e o fluxo mensal;
- Diversificar atividades e fontes de crédito;
- Investir em tecnologia, capacitação e controle de indicadores;
- Adotar seguros e ferramentas de proteção de renda.