Depois que o fogo passa é hora de mensurar os danos ao solo. Especialistas explicam que os prejuízos podem ser tão grandes, em termos de nutrientes e características de composição, que por vezes podem ser irreparáveis.
Os incêndios empobrecem o solo e diminuem a produtividade, além de aquecerem o solo, fator este que estimula a germinação de plantas daninhas.
O grande problema de um incêndio em lavoura está intimamente ligado a perda de carbono existente, emissão de gases do efeito estufa e o fator ambiental. Se for olhar pelo lado da produtividade, todo o carbono que se tinha naquela palha, que iria formar matéria orgânica, é perdido e junto com ele vai embora o nitrogênio, um elemento de difícil manejo no sistema tropical.
Outro assunto de preocupação para os produtores rurais é com relação ao calcário, potássio, fósforo e a adubação antecipada que já foram introduzidos na lavoura e a mesma passou por um incêndio. O engenheiro agrônomo Murilo Peres explica que essa dúvida existe há anos, e que calcário, que nada mais é do que o carbonato de cálcio, ele normalmente já iria para a atmosfera e com o fogo ele reage mais rápido do que se fosse de forma natural. “O calcário que foi jogado no solo não será perdido, o que acontece é que com o fogo, ele aumenta a reatividade, aumenta o poder de reação e perde em residual, mas não se perde o calcário que já foi introduzido no solo. Em relação aos danos com potássio e fósforo é a mesma coisa”.
O que se perde muito com um incêndio é a parte biológica, principalmente os microrganismos. “O fogo elimina os microrganismos responsáveis pela transformação e decomposição da matéria orgânica e pela ciclagem de nutrientes no solo, diminuindo a atividade biológica, por este motivo, ter sempre a ajuda de um engenheiro agrônomo que possa estar acompanhando a lavoura após o incidente, é primordial”, conclui Murilo Peres.
A ação do fogo provoca no solo, de forma direta ou indireta, uma série de modificações de natureza física, química e biológica. Essas modificações podem ser pontuais ou permanentes. O grau de alteração depende de vários fatores, dentre os quais: tipo de solo, cobertura vegetal, duração, intensidade e frequência de uso.