O Republicano Donald Trump tomou posse no dia 20 de janeiro como presidente dos Estados Unidos para o segundo mandato à frente da Casa Branca. A nova gestão traz expectativas e incertezas para a economia global, especialmente para o agronegócio brasileiro, que pode ser diretamente afetado pelas políticas econômicas e comerciais.
Tomando como base alguns pronunciamentos de Trump, tanto antes, como depois da posse, os impactos poderão ser negativos e positivos, tudo irá depender do produto e da situação financeira do produtor rural. De acordo com o consultor de gestão financeira e governança, Randolfo Oliveira, se Donald Trump adotar medidas semelhantes às de 2018, no primeiro mandato, com viés protecionista e foco na China, a tendência é de alavancar o agro brasileiro, pois as exportações de soja dos EUA para a China deverão reduzir e o Brasil ganhará espaço maior nas exportações. “Vale ressaltar que em 2018 a participação da soja brasileira no mercado Chinês passou de 52% para 74%, só voltando a patamares um pouco menores, mas ainda altos, na casa dos 65%, a partir de 2022, após acordos comerciais entre EUA e China”.
O presidente dos EUA tem sinalizado pacotes com decretos e ordens executivas, como por exemplo o aumento de tarifas sobre produtos importados, esse aumento das tarifas de importação nos EUA deverá aumentar a inflação interna americana, onde espera-se que o Banco Central dos EUA aumente as taxas de juros, provocando uma boa atratividade para investidores externos nos EUA. “Com isto, a tendência é a saída de dólares do Brasil para os EUA, desvalorizando o real e aumentando o valor do câmbio dólar-real”, comenta Oliveira. Caso Trump não aumente as tarifas de importação de produtos brasileiros, teremos ótimas oportunidades de aumento das exportações para os EUA, tanto de soja como de carne bovina.
Outro viés importante é que o aumento do dólar no Brasil poderá desencadear uma sequência de fatos e ações que prejudicarão o agro brasileiro, principalmente aqueles produtores mais endividados e que dependem sempre de recursos do Governo para continuidade dos negócios. “A primeira consequência do aumento do dólar no Brasil será o aumento do custo de produtos importados, que provocará um aumento da inflação e consequentemente dos juros internos no Brasil, impactando o custo dos recursos subsidiados do Governo que os produtores precisam todo ano, o famoso custeio, o que impacta diretamente nos custos operacionais e na rentabilidade final do produtor rural, que atualmente já está bem no limite entre o lucro e prejuízo”.
O consultor reforça que ainda é muito cedo para um prognóstico das ações do presidente dos EUA, considerando vantagens ou desvantagens para o agro brasileiro, principalmente para os produtores de grãos e carne bovina. “Aparentemente o retorno dele é positivo, mas só ó o tempo irá dizer, pois as ações do Trump estão ainda começando. O meu conselho para o produtor é capitalizar-se e depender o mínimo possível de recursos de bancos, de modo a aproveitar os benefícios que poderão vir com as medidas do Trump, como aumento do dólar e preço da soja em reais, sem ter o prejuízo do aumento do custo de captação de custeios e possuir uma gestão financeira implementada no negócio, de modo a montar um planejamento estratégico para esta capitalização”, conclui Randolfo Oliveira.