O endividamento dos produtores rurais no Brasil é uma questão crítica que impacta a sustentabilidade do agronegócio, um dos setores mais importantes da economia nacional, nesse sentido, é fundamental que o produtor rural esteja alinhado estrategicamente com os negócios para que, em qualquer situação adversa do setor, ele tenha soluções plausíveis para não cair em problemas que possam levar a uma desestabilização de toda a empresa rural.
Podemos dizer que algumas das principais causas do endividamento agrícola são: variações climáticas, flutuações de preço, aumento dos custos de produção, taxas de juro e condições de crédito. De acordo com o consultor de Gestão Financeira e Governança Randolfo Oliveira, as principais causas atuais estão intimamente relacionadas com uma alavancagem grande nas safras 20/21 e 21/22, quando os preços dos grãos estavam bem atrativos em relação aos custos dos insumos e operacionais, e muita gente resolveu aproveitar o bom momento do setor para abrir novas áreas e fazer a aquisição de equipamentos. “É claro, que em alguns momentos, o clima, como falta de chuva, estresse térmico, excesso de chuva na colheita da soja deste ano, também contribuíram negativamente, piorando ainda mais a situação e agora a conta chegou e junto com ela vieram as queimadas, para piorar um pouco mais”, reforça Oliveira.
O consultor de Gestão Financeira e Governança relata que tem acompanhado importantes consultorias de mercado que sinalizam uma queda no preço da soja para o ano que vem, já que a expectativa é de aumento de produção de aproximadamente 35 milhões de toneladas de soja no mundo nesta safra 24/25, onde o Brasil deverá contribuir com 16 milhões de toneladas a mais, saindo de 153 milhões de toneladas para 169 milhões e aumento de demanda na mesma projeção da oferta, principalmente da China. “O momento é de muita cautela e reflexão, mas ao mesmo de ação rápida caso o produtor rural esteja em uma situação desfavorável financeiramente. Se um plano de ação bem estruturado for montado agora, em muitos casos ainda é possível recuperar as possíveis perdas”.
Vale ressaltar que o produtor que está com problemas de endividamento precisa em primeiro lugar, aceitar a situação pela qual está passando. “Dívidas fazem parte sim do negócio, inclusive do crescimento do negócio, desde que estejam em equilíbrio com o caixa da empresa”. Se a geração de caixa da empresa, o EBITDA (lucro sem contar os juros e depreciação), não for suficiente para pagar os juros dos custeios e das dívidas com revendas e terceiros, e o produtor rural continua pegando custeio para quitar empréstimos já vencidos, então, é preciso pensar em mudanças rápidas no negócio.
O endividamento rural, para ser resolvido e vencido sem grandes dificuldades, precisa ser enfrentado com uma boa administração e com diagnóstico financeiro detalhado. “O produtor rural que não tem um departamento financeiro estruturado e não souber fazer um diagnóstico financeiro detalhado, ele precisa de ajuda de uma consultoria especializada”.
COMO O PRODUTOR RURAL PODE SABER A REAL SITUAÇÃO FINANCEIRA DA EMPRESA?
- Resultados das safras passadas: visualizando o custo dos insumos e os custos operacionais, na unidade R$/há e custos sacos/há, além da produtividade, receita e lucro final;
- Inventário financeiro atual: listando todo o patrimônio, de terra, máquinas e benfeitorias, inclusive com o valor atual de mercado;
- Relação de todas as dívidas e compromissos, com seus respectivos detalhes, como juros e garantias;
- Fluxo de caixa para os próximos 5 anos, contendo toda uma projeção futura de entrada e saída de dinheiro.
